PERDA DE MEMÓRIA - DRA. BEATRIZ BOHRER DO AMARAL
Quem nunca teve dificuldade em lembrar um nome, uma palavra ou onde deixou as chaves do carro?
A maioria das pessoas apresenta um declínio cognitivo com o passar dos anos, enquanto outros vão apresentar mudanças mais importantes na função cognitiva. Estes, além de lapsos para lembrar nomes ou palavras, estarão propensos a esquecer compromissos, ter dificuldades em pagar contas ou a perder a linha de raciocínio durante uma conversa. Esta condição neurológica é chamada de transtorno cognitivo leve e é intermediária entre as alterações da memória decorrentes do envelhecimento e aos déficits severos associados à demência, como a doença de Alzheimer.
O tipo mais comum deste transtorno cognitivo está associado a problemas importantes de memória e geralmente, mas não sempre, progride para doença de Alzheimer em 5 a 10 anos.
O esquecimento é frequentemente óbvio para o indivíduo afetado ou para as pessoas próximas, mas pode não ser percebido por outros.
Em geral, o declínio na função cognitiva é de aproximadamente 10% ao ano, levando em torno de sete anos até que o distúrbio interfira com as atividades do dia a dia.
Não é fácil diferenciar o déficit cognitivo leve dos efeitos naturais do envelhecimento. Os possíveis pacientes devem ter a sua história clínica revisada e o seu status mental testado, além de serem investigados para possíveis causas reversíveis de transtorno de memória, como depressão, efeitos colaterais de medicamentos, deficiência de vitamina B12 e hipotireoidismo. Outras causas como derrames e tumores devem ser descartadas.
Alguns medicamentos podem ajudar a retardar o declínio da função cognitiva, mas não conhecemos ainda nenhum tratamento definitivo.
Como medida geral, é importante reduzir os fatores de risco para doença cardiovascular, evitando o cigarro, controlando o colesterol, a hipertensão e as taxas de açúcar no sangue e reduzindo os níveis de estresse.
Devem também ser evitadas drogas que interfiram com os neurotransmissores envolvidos no processo de memória, como alguns analgésicos, antidepressivos tricíclicos e anti-histamínicos.
Exercícios cognitivos, como jogos de computador, podem ajudar, mas, técnicas compensatórias, como tomar notas, manter uma agenda e usar códigos de memorização (mneomônicas) são mais eficazes.
Mais importante ainda pode ser o exercício físico regular. Um estudo mostrou melhora na função cognitiva de pacientes com problemas de memória que caminhavam 150 minutos por semana.